quinta-feira, 31 de maio de 2012
aviso
olá pessoas
eu não estou em greve.
por isso, na aula desta próxima sexta, dia 1 de junho, rei entregar as provas e debater com vcs todas as respostas. além disso, explicarei detalhadamente, novamente, como deve ser feito o trabalho final do componente.
Um abraço, Leandro
terça-feira, 29 de maio de 2012
Pesquisador@s do CUS apresentam trabalhos em seminário na UFBA
Seis pesquisadores/as do grupo Cultura e Sexualidade (CUS) apresentarão seus trabalhos no IV Seminário de Pesquisa e Extensão do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos), no dia 30 de maio de 2012, no Pavilhão de Aulas 3 (PAF3), no campus da UFBA em Ondina, Salvador.
Das 19h às 21h, na mesa "Sexualidades, políticas e subjetividades", serão apresentados, na sala 203, os trabalhos “A igualdade não faz o meu gênero – em defesa das políticas das diferenças para o respeito à diversidade sexual e de gênero no Brasil”, de Leandro Colling, professor do IHAC e coordenador do CUS, “Fazer-se travesti, fazer-se transexual: uma questão de driblar as contingências identitárias”, de Maycon Lopes, estudante de Ciências Sociais, e "Heterossexualidades: entre a pureza e a contaminação”, de Gilmaro Nogueira, mestrando do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sexualidade (Poscultura).
À tarde, das 13h às 15h, o trabalho “A cultura do sofrimento: um estudo sobre as Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA)”, de Raquel Florence de Carvalho, mestranda do Poscultura, será apresentado na sala 109. Das 15h às 17h, na sala 205, é a vez do trabalho “Silêncio e naturalização na construção das masculinidades na educação básica”, de Josue Leite dos Santos, mestrando do Poscultura, e Djalma Thurler, professor do IHAC.
As inscrições para o IV Seminário, que é aberto a todos os interessados, devem ser realizadas no horário do evento nas salas onde acontecerão as mesas. Mais informações sobre o CUS podem ser obtidas emwww.cult.ufba.br/cus
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Notícias
Duas notícias que falam por si só, ambas publicadas na Folha de S. Paulo de hoje.
Angolana é assassinada em briga de bar no Brás
Outros três amigos da vítima foram baleados
JOSMAR JOZINO
DO “AGORA”
Uma angolana de 26 anos morreu e outros três amigos da mesma nacionalidade, incluindo uma grávida, foram feridos a tiros anteontem após uma briga em um bar no Brás (região central de SP).
Segundo a Polícia Civil, antes de atirar, o criminoso discutiu e ofendeu outro grupo de angolanos que estava no local. De acordo com testemunhas, todos foram xingados de "macaco".
O atirador foi embora e retornou, armado, em seguida. Ele atirou e fugiu em um Golf com um amigo.
As vítimas não estavam envolvidas na confusão. A engenheira e estudante de pós-graduação Zumira de Souza Borges Cardoso foi atingida na cabeça e não resistiu. O namorado dela, o estudante Gaspar Armando Mateus, 27, foi ferido na perna. A grávida Celina Bento Mendonça, 24, foi atingida na barriga e na perna. Ela não corre o risco de perder o bebê. Renovaldo Manoel Capenda, 32, também foi ferido na perna.
O DHPP (departamento de homicídios) investiga o caso. O namorado de Zumira foi ouvido pela polícia e disse que estava com os amigos quando o homem saiu atirando.
A polícia procura imagens de câmeras para tentar identificar o suspeito. O vice-cônsul de Angola em São Paulo, Belmiro dos Prazeres Guimarães, disse que acompanha a investigação do caso.
Suspeita de racismo contra Alexandre Pires é arquivada
DE RIBEIRÃO PRETO - A Procuradoria da República em Uberlândia (540 km de Belo Horizonte) arquivou o procedimento que apurava a suspeita de discriminação racial e sexista no clipe "Kong", do cantor Alexandre Pires, que teve a participação do jogador Neymar e do funkeiro Mr. Catra.
Nas imagens, gorilas saem da selva e invadem uma festa à beira da piscina, onde estão mulheres vestidas de biquíni.
Pires, Catra e Neymar aparecem dançando o refrão "É no pelo do macaco que o bicho vai pegar". Em alguns trechos, eles próprios aparecem vestindo roupas de gorila.
Em nota, o órgão federal informou que o procurador responsável pelo caso, Frederico Pellucci, não viu ligação entre o uso da figura do gorila e a associação ao racismo.
Procurado por meio de sua assessoria, o cantou não telefonou de volta para a reportagem.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
aviso
olá pessoas
se tivermos aula nesta próxima sexta (caso a greve dos rodoviários acabe), irei entregar as provas e debater com vcs todas as respostas. além disso, explicarei detalhadamente, novamente, como deve ser feito o trabalho final do componente. também precisaremos decidir quem serão os convidados para as entrevistas. por enquanto, recebi APENAS a mensagem abaixo, enviada pelo Claudenilson.
um abraço, Leandro
Prezad@s,
Boa tarde!
Felizmente consegui um contato via fone com a Professora Arany Santana, então diretora do Centro de Culturas Populares identitárias (CCPI) sob o intermédio de Geovan Banto aluno da UFBA oriundo do Bacharelado em Gênero e Diversidade. Neste contato expliquei a proposta de uma roda de conversa na qual os alunos deveriam fomentar uma entrevista com uma pessoa ligada às questões culturais. A estimada Arany se predispôs a participar obsercvando que a sexta-feira é um dia inviável por conta das demanadas do CCPI em relação as suas reuniões ordinárias com o Secretário de Cultura que em geral iniciam-se por volta das 16:00 estendendo-se até ... . Entretanto, informei a ela da possibilidade de nossa agenda poder ser flexibilizada a partir da disponibilidade da gestora.
Solicito que essa mensagem seja divulgada no blog do componente para que as demais pessoas se manifestem sobre o melhor encaminhameto para a questão.
Atenciosamente,
se tivermos aula nesta próxima sexta (caso a greve dos rodoviários acabe), irei entregar as provas e debater com vcs todas as respostas. além disso, explicarei detalhadamente, novamente, como deve ser feito o trabalho final do componente. também precisaremos decidir quem serão os convidados para as entrevistas. por enquanto, recebi APENAS a mensagem abaixo, enviada pelo Claudenilson.
um abraço, Leandro
Prezad@s,
Boa tarde!
Felizmente consegui um contato via fone com a Professora Arany Santana, então diretora do Centro de Culturas Populares identitárias (CCPI) sob o intermédio de Geovan Banto aluno da UFBA oriundo do Bacharelado em Gênero e Diversidade. Neste contato expliquei a proposta de uma roda de conversa na qual os alunos deveriam fomentar uma entrevista com uma pessoa ligada às questões culturais. A estimada Arany se predispôs a participar obsercvando que a sexta-feira é um dia inviável por conta das demanadas do CCPI em relação as suas reuniões ordinárias com o Secretário de Cultura que em geral iniciam-se por volta das 16:00 estendendo-se até ... . Entretanto, informei a ela da possibilidade de nossa agenda poder ser flexibilizada a partir da disponibilidade da gestora.
Solicito que essa mensagem seja divulgada no blog do componente para que as demais pessoas se manifestem sobre o melhor encaminhameto para a questão.
Atenciosamente,
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Foucault
Pessoas,
não foi por isso que eu escolhi o texto de Yúdice, mas ele, ao final do capítulo, sugere que essa nova forma de analisar a cultura e a transformação dela em "recurso" cria uma nova episteme (a performatividade, que ele busca de Judith Butler). Ao fazer isso ele pretende incluir mais uma modalidade, além das 3 modalidades já criadas por Foucault. Para quem nunca leu nada sobre isso em Foucault, sugiro o texto a seguir: http://tir.com.sapo.pt/foucault.html
Sobre Butler e a teoria da performatividade, leiam uma breve síntese em http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf
Quem quiser mais, é só pedir
não foi por isso que eu escolhi o texto de Yúdice, mas ele, ao final do capítulo, sugere que essa nova forma de analisar a cultura e a transformação dela em "recurso" cria uma nova episteme (a performatividade, que ele busca de Judith Butler). Ao fazer isso ele pretende incluir mais uma modalidade, além das 3 modalidades já criadas por Foucault. Para quem nunca leu nada sobre isso em Foucault, sugiro o texto a seguir: http://tir.com.sapo.pt/foucault.html
Sobre Butler e a teoria da performatividade, leiam uma breve síntese em http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf
Quem quiser mais, é só pedir
Mais 3 perguntas da prova
3. Depois de ler e discutir textos que realizam uma breve reconstituição histórica dos conceitos de cultura, aponte cinco cuidados que devemos ter, ao analisarmos a cultura, para não incorrer em erros ou realizar análises muito superficiais sobre alguma manifestação ou produto cultural da atualidade. Explique cada um desses cuidados.
4. Como vimos através de vários textos, a exemplo de Hall, Canclini e Durval Muniz, hoje é muito difícil falar de cultura sem falar (contra ou a favor) do conceito de identidade cultural. Um dos grandes debates sobre esse tema envolve a idéia de que existem identidades culturais puras. O que dizem os autores sobre essa ideia e quais alternativas conceituais eles nos oferecem?
5. Explique o que George Yùdice quer dizer com a idéia de "cultura como recurso" e analise alguma ação que foi realizada nesse sentido na cultura brasileira. A partir de Yúdice e/ou outros autores, faça uma análise crítica dessa manifestação cultural.
Para aula de hoje
Dica da aluna Cristina.
Ano III
- Número 3 - Agosto/Novembro 2007

Heloisa Buarque de Hollanda entrevista George Yúdiceagosto de 2005
Ano III
- Número 3 - Agosto/Novembro 2007
Heloisa Buarque de Hollanda entrevista George Yúdiceagosto de 2005
Heloisa
Buarque de Hollanda: George, sua intervenção como intelectual é tão polivalente que é
difícil adivinhar qual foi sua formação. Afinal o que você estudou?
George Yúdice: Eu estudei Química, Artes e Letras simultaneamente na Cunny University. Depois fiz mestrado e doutorado em Letras.
HBH: Com quem?
GY: O doutorado foi com Silvia Molloy, lá em Princeton, com quem fiz a tese sobre Vicente Huidobro, poeta chileno, o grande mestre de Haroldo de Campos. Depois disso, estudei também sociolingüística, coisas de sociologia e comecei a trabalhar com o grupo de Fredric Jameson.
HBH: É interessante você ter feito uma tese sobre Huidobro. Como era essa tese?
GY: É um estudo semiótico muito formal, que analisa Huidobro em relação às vanguardas estéticas dos anos 20, 30, no contexto de Paris e América Latina. E abrange também as artes, porque ele era um artista multimídia. O resultado na época foi ótimo. A tese foi publicada imediatamente e ainda hoje as pessoas dizem que é muito boa. A Beatriz Sarlo falou que é a melhor coisa escrita sobre esse tema.
HBH: Isso mostra que nessa época você já tinha suas dúvidas sobre trabalhar dentro dos limites rígidos da literatura.
GY: Claro. Mas como Huidobro era um poeta em certos momentos muito sistemático, toda a questão científica e o interesse pela semiótica vieram por aí. Mas logo fiquei cheio disso também e comecei a colaborar com o grupo do Jameson, no final dos anos 70.
HBH: E pelo que conheço de vocês dois, esse encontro com Jameson deve ter marcado bastante sua trajetória. Como você o conheceu?
GY: Marcou muito. Tudo começou porque comecei a participar do grupo de Estudos Literários Marxistas, onde o Jameson era o chefão. Ele estava em Yale e eu estava trabalhando com Stanley Aronovitch. Através desse grupo de estudos, entramos em contato com o pessoal de Birmingham, conhecido como berço dos estudos culturais. Conhecemos Stuart Hall e outros profissionais que trabalhavam com um mistura de Gramsci, psicanálise, história, foi incrível. Eles traziam uma nova metodologia crítica, analítica, multidisciplinar.
HBH: Esse grupo funcionava em Nova York?
GY: Não, o grupo se reunia a cada verão, em lugares diferentes. Todos nós pagávamos a própria passagem e as universidades conseguiam alojamento, porque no verão não havia alunos. E fazíamos grandes debates durante horas a fio. Foi quando os estudos culturais começam a se formar nos Estados Unidos, no início dos anos 80, quando foi lançada a primeira versão do livro Late capitalism and marxism studies. Logo depois fizemos um segundo congresso, em 1988, quando saiu aquele tijolão Cultural Studies. Nessa época eu estava trabalhando com a Social Text, uma revista que começou em 1979 e teve bastante repercussão. Resumindo, os anos 80 foram para mim anos de muita aprendizagem, de exercício de crítica cultural e política. Foi ainda por essa época que migrei oficialmente da área de Letras para um tipo de crítica cultural, que foi batizada como Estudos Culturais. E eu logo não gostei dessa grife.
HBH: Por que todo mundo tem medo dessa grife?
GY: Porque nos Estados Unidos os estudos culturais viraram uma tendência de mercado, o mercado acadêmico. Por exemplo, você pode até tentar, mas não vai conseguir publicar um livro sobre um autor. É impossível. Mas se você escreve sobre uma lésbica, é muito fácil. E vende bem.
HBH: E um tipo de livro como esse que você está lançando, A conveniência da cultura.
GY: Esse já vendeu 5 mil exemplares e está indo para uma segunda tiragem. Acho que esse sucesso é porque ele extrapola o universo acadêmico. Pessoas que estão mexendo em gestão cultural, multicultural estão comprando. Pessoas de estudos culturais compram, mas outras pessoas de arte, também.
HBH: Mas o George desse livro não é o dos anos 80. Há um claro salto de local, de tema, de campo de estudos. O que chamou a sua atenção para seu redirecionamento para o debate mais voltado para as políticas públicas, para a discussão do Estado neoliberal, para as questões da economia da cultura?
GY: Foi a própria virada dos anos 90 na área da cultura, era uma coisa muito evidente. Me dei conta de que toda cultura precisa de um sistema de financiamento, de apoio. Eu estava também trabalhando em fundações o que me levou a me ligar nesses assuntos.
HBH: Houve alguma influência do Nestor Canclini nessa virada?
GY: Houve. Eu conheci o Canclini no começo dos anos 90, em um congresso em 1993 no México. Ele me ajudou muito nessa transição. Quando organizamos aquele congresso no Mexico, com você, inclusive, era para falar sobre estudos culturais nas Américas. Vieram pessoas dos Estados Unidos, do Canadá, da América Latina. Eu me lembro que vi lá, pela televisão, que havia uma preparação para o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte). Na televisão, havia propagandas do tipo "Mexicanos, vamos entrar para o primeiro mundo, não sujem as ruas, entrem no trabalho na hora". Esse tipo de mensagem pública. E isso era muito esquisito. Só comecei a falar dessas coisas no ano seguinte. Depois de fazer o contato com o Canclini neste congresso, ele me pediu para fazer um estudo do impacto do livre comércio nos Estados Unidos. E eu fiz um ensaio em 1994. Entrei na comissão da Fundação México-Estados Unidos e comecei a pesquisar mais sobre esses sistemas de financiamento. Nos Estados Unidos, eu já tinha feito parte do Conselho de Arte de Nova York, e me dei conta de como funcionava essa engrenagem. Nos Estados Unidos, a questão privada é muito mais importante em termos de financiamento do que a área pública. Foi a partir daí que propus um projeto para a Fundação Rockefeller sobre os impactos do fenômeno da privatização da cultura. Inclusive, publiquei, na Social Text, um ensaio chamado "A Privatização da Cultura". Comecei também a fazer trabalhos práticos, não só estudos analíticos, mas também propositivos. Começou ali na metade dos anos 90. No ano de 1998, eu já escrevia textos sobre esses fenômenos. Mas o livro levou muito mais tempo, porque eu tinha que pensar nas grandes mudanças macros do mundo, para compreender as mudanças micro de fundações, financiamentos e também na cultura. As fundações queriam que esses financiamentos tivessem uma repercussão social.
HBH: Marketing social?
GY: É isso, mas não só isso; há também uma preocupação com a repercussão em torno da mudança da realidade desses grupos sociais. Depois, eles mesmos se deram conta de que somente a cultura não vai necessariamente reduzir a pobreza, a cultura não tem esse poder. Os projetos culturais que pretendiam aumentar a auto-estima dos favelados em nome de resultados concretos como a busca de formação profissional, de obtenção de empregos e trabalhos não mostraram a eficácia imediata pretendida.
HBH: Eu sinto que nunca houve um momento tão bom para o intelectual como hoje e olha que eu estou na cena desde 1960... Como se forma um intelectual público hoje?
GY: Eu venho percebendo isso nestes últimos cinco, seis anos através de minha participação em conselhos, assessorias e consultorias com empresas, com o governo, com as ONGs. Muitas pessoas que eu achava que eram só intelectuais da área de estudos culturais, agora estão se engajando cada vez mais messe tipo de trabalho.
HBH: Existe uma migração ótima nessa cena pública.
GY: Mas infelizmente nos Estados Unidos isso não acontece. É por isso eu prefiro trabalhar com a América Latina e com a Europa. Nos Estados Unidos, os únicos intelectuais que têm força são os de direita. Os outros estão muito marginalizados.
HBH: Talvez porque na América Latina há muito consolidada a tradição do intelectual como sendo de esquerda.
GY: Lá, eles são quase censurados. Bom, sendo uma pessoa de esquerda, por exemplo, eu acho difícil dizer que Condoleezza Rice é uma intelectual. Mas ela é uma acadêmica, era colega da Mary Pratt em Stanford. Agora, ela é a grande chefona da política externa dos Estados Unidos, e é um horror...
HBH: Mas voltando ao assunto, quando você localiza a emergência das novas possibilidades de ação para o intelectual do século XXI?
GY: Eu tenho uma análise no livro sobre isso. Depois da queda do muro de Berlim e da União Soviética, nos Estados Unidos tornou-se difícil descobrir formas de legitimação para a arte e para a cultura. Até então, a arte nos Estados Unidos era legitimada pela arte em si, sem propósitos externos, supostamente, ao contrário da arte soviética do Partido Comunista, que era uma arte social realista. Nesses últimos anos, surge um tipo arte que respondia diretamente ao sistema de financiamento, que era uma arte com propósito comunitário, social, civil e que serviria para os fins da economia e do desenvolvimento. Era uma política de governos estaduais e municipais, de empresas privadas, de fundações e doadores. A grana vinha daí, não do âmbito federal. Uma arte voltada para o social, para comunidades. O material eram as pessoas.
HBH: Nos anos 60 também era assim.
GY: A grande diferença é que agora esse projeto artístico não é ideologizado. Nos anos 90, não se encontram nesses projetos nada de socialista, de marxista. Na realidade eram projetos neoliberais no sentido em que a sociedade civil assumia a função de resolver problemas sociais. E então, era preciso articular os grupos sociais com os sistemas de financiamento. Os artistas eram dinamizadores da sociedade civil. Isso ainda continua um pouco. Grupos como o Afro Reggae têm explorado essa idéia, até em suas músicas, o assunto é cidadania. Porque cidadania vende para as fundações. Nos Estados Unidos nunca se faria um CD que falasse sobre cidadania. O rapper lá não fala sobre cidadania. Ele fala em como ser homem, em como enriquecer.
HBH: A Nega Giza aqui flagra isso quando declara que o rap americano é "babinha music". É só baba, não funciona, não diz nada. Mas sempre existe um Eminem para desafinar...
GY: O Eminem conseguiu entrar na mídia porque ele tem muita repercussão, muito público. Mas a maioria realmente só fala em ter ouro, mulheres. Por exemplo, o Snoop Dogg, ele tem vídeos pornográficos, com mulheres mostrando suas bundas. Isso vende milhões.
HBH: Voltando ao assunto, você parece que ainda defende uma estética menos instrumentalizada. É isso mesmo?
GY: Realmente eu sempre fui muito crítico do uso da arte para fins práticos. Mas eu acho que a essa altura eu vou ter que mudar. Já sinto que estou pensando de uma maneira diferente. A arte vai ser usada queira eu ou não. A minha idéia agora é que a cultura seja um recurso. E quando você pensa que a cultura é recurso, o único jogo que existe é o do gerenciamento, da gestão dos recursos. É como na ecologia. Eu poderia continuar com a idéia de arte para transcendência, uma arte para fins não instrumentais, mas mesmo assim a arte vai continuar sendo usada. Eu posso ser artista "puro", mas quando eu colocar minha arte em um museu, estarei contribuindo com orçamento do PIB da cidade. Quando as pessoas pensam em criar um museu, elas justificam o museu pela arte, mas esse museu vai certamente contribuir para a economia da cidade. Então, queira eu ou não, a arte será sempre um recurso.
HBH: E que papel tem um intelectual hoje?
GY: Eu acho que o intelectual hoje é uma pessoa que intervém. Quanto a mim, estou trabalhando com grupos como o Afro Reggae, venho acompanhando o que eles fazem, mas não na qualidade de assessor. Assessorias estou dando na Costa Rica e El Salvador. De uma maneira mais underground, por exemplo, eu já vejo a diferença entre eu e o Canclini. O Canclini é um assessor mais macro. E eu estou trabalhando com um pé no macro e outro no micro.
HBH: E na universidade?
GY: Estou criando cursos e consegui, agora que sou diretor dos Estudos Latinos Americanos e do Caribe, criar uma nova disciplina onde eu dou dois cursos que são pré-requisitos. O primeiro é estudos de paradigmas de análise, que introduz o aluno em uma série de temas e campos de pesquisa. O segundo curso analisa a estrutura dos discursos dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento e da Gestão. Esses cursos têm a ver com Cultura e Economia. É um programa para mestrandos.
HBH: Você está formando gestores?
GY: Claro, mas gestores e também com uma perspectiva crítica. E tudo feito a partir das teorias.
HBH: Estaríamos assistindo o fim do intelectual confinado na universidade?
GY: Depende. No contexto norte-americano, este intelectual vai continuar porque faz parte do nosso projeto de universidade. Mas seu impacto social é bem pequeno. Eu acho que na América Latina e na Europa a intervenção do intelectual na sociedade vem aumentando. O Canclini é um exemplo. Também Otávio Getino. Ele fez o filme A hora dos sinos, com Fernando Solanas, na década de 60. Como é cineasta, ele também se preocupou de onde ia sair a grana para fazer o filme. Em certo momento, ele disse: "A pessoa que faz filme também é empresária, tem que ter orçamento, tem que empregar pessoas". Agora ele está coordenando estudos de cultura e economia. Ele é incrível, uma maravilha. Está em Buenos Aires. Ele fez grandes estudos sobre indústrias culturais para a Argentina. Fez também um grande estudo da economia das indústrias culturais para o Mercosul.
HBH: A sociedade civil está diferente? Será que o neoliberalismo ajudou essas novas ações e intervenções?
GY: Quanto à sociedade civil, acho que ela está mais "onguizada". Quanto ao neoliberalismo, acho que ele fez as duas coisas, ajudou e atrapalhou. Permitiu a entrada de muito mais ONGs e cooperação internacional. Em alguns casos, o Estado está quase desaparecendo dos financiamentos para trabalhos nessas comunidades. Esses grupos se "onguizaram", se fizeram ONG. E as ONGs têm uma maneira de operar, são monitoradas, têm estruturas burocráticas a serem seguidas, muitos papéis a serem preenchidos, requerimentos a serem encaminhados. Isso existe mesmo em grupos como o Afro Reggae.
HBH: Seria bom você definir mais concretamente esse seu conceito chave de "cultura como recurso".
GY: O discurso é o seguinte: cultura já não é mais arte. A arte é só a ponta do iceberg da cultura. A verdadeira cultura é a criatividade humana. Esse é um discurso que já vem desde a década de 90 e é quase hegemônico. A questão é como dinamizar essa criatividade, viabilizar, para ter uma série de resultados: auto-estima, emprego, fim do racismo. E isso está muito vinculado ao trabalho das ONGs e à cooperação internacional. E a cultura é o lugar onde mais se manifesta essa criatividade. Então, por sua natureza a cultura serve para alavancar a criatividade. Esse discurso é do Blair. Nós queremos criar aquilo que existe na Inglaterra, que é incentivar as indústrias criativas. Indústria criativa inclui além das culturais bem conhecidas: edição de livro, televisão, filme, música. Inclui todas as indústrias que precisam de criatividade, que pode ser desenho, publicidade, software, artesanato etc. Eu estou trabalhando nisso e tenho tentado introduzir essa idéia em El Salvador, que é um governo de direita, e acho que eles estão gostando desse discurso.
HBH: E a questão autoria, que para mim é a questão mais fascinante desse novo momento, como fica? Até onde o mercado suporta noções como Creative Commmons, pirataria criativa ou copyleft?
GY: Copyright é para vender. O direito de cópia. E isso produz muita riqueza. Por isso, as grandes empresas estão sempre estendendo o período do copyright. Hoje em dia, com a pós-modernidade, a tecnologia e a globalização, muito do que se considera criatividade é, na realidade, puro sampler, é o uso de criações alheias. Então, alguns estão propondo que é preciso um sistema flexível, que de uma parte forneça ao autor um ingresso à criação alheia, mas que também o resultado dessa nova obra volte para o domínio público, para o uso de todo mundo. Então é aí que começa uma briga entre os interesses econômicos.
HBH: Mas fora a idéia do direito, tem também o problema da noção de autoria, de autenticidade que é reativa à mudanças, o autor, que era o autêntico.
GY: Sabe como economista vê isso? Como você faz para ter mais autores, para criar uma Hollywood? Ou uma indústria de broadcast como em Nova York? Com uma massa crítica de criadores, sejam de cultura ou de softwares ou de indústrias criativas. O que produz lucro não é a manufatura, é a idéia. Por isso o direito sobre a propriedade.
HBH: Do ponto de vista textual, uma perspectiva de mudança como essa não tem também conseqüências no próprio fazer do autor?
GY: Eu acho que cada vez é mais evidente a organização dos criadores por umas instâncias maiores, superiores. Por exemplo, o produtor que mexe com artistas e vai assessorando, e quase criando o produto deles com eles. Na arte, a figura mais importante não é o artista, é o curador e o diretor de museu, de bienal. Essas são as pessoas importantes, porque o artista é um recurso útil para os curadores.
HBH: Como você está avaliando isso?
GY: Eu ainda nem sei se isso vai para frente ou para trás, eu sei somente que as coisas estão mudando. E por isso o melhor é fazer como na ecologia, com a questão da sustentabilidade. E por isso, a gente precisa formar gestores que ajudem a encontrar pontos de equilíbrio entre os diversos participantes desse tipo de criação, na arte, literatura, cinema, dança, rituais indígenas. Tudo isso precisa de uma coordenação para que se promova uma sustentabilidade, para que essas pessoas não virem simulacros de si mesmas. Estamos num momento de industrialização e "proprietarização", mas também de luta em relação ao poder econômico da criatividade. Eu acho que o material agora é a criatividade e o jogo e a luta são em torno da propriedade dessa criatividade e sua abertura para o domínio público.
HBH: Um nome para esse momento?
GY: Acho que seria a sustentabilidade cultural.
HBH: Uma previsão?
GY: Eu acho que o que vai acontecer é maior consciência e formação de negociadores e intermediários.
HBH: E em relação à idéia de cultura e literatura?
GY: Eu acho que isso os conteúdos não vão mudar muito. A grande mudança é na estrutura que não é só produtiva, mas também criativa e distributiva. Você tem que pensar em tudo isso sistemicamente: criação, produção, distribuição, domínio público.
HBH: Como é o nome disso?
GY: Ecologia cultural.
George Yúdice: Eu estudei Química, Artes e Letras simultaneamente na Cunny University. Depois fiz mestrado e doutorado em Letras.
HBH: Com quem?
GY: O doutorado foi com Silvia Molloy, lá em Princeton, com quem fiz a tese sobre Vicente Huidobro, poeta chileno, o grande mestre de Haroldo de Campos. Depois disso, estudei também sociolingüística, coisas de sociologia e comecei a trabalhar com o grupo de Fredric Jameson.
HBH: É interessante você ter feito uma tese sobre Huidobro. Como era essa tese?
GY: É um estudo semiótico muito formal, que analisa Huidobro em relação às vanguardas estéticas dos anos 20, 30, no contexto de Paris e América Latina. E abrange também as artes, porque ele era um artista multimídia. O resultado na época foi ótimo. A tese foi publicada imediatamente e ainda hoje as pessoas dizem que é muito boa. A Beatriz Sarlo falou que é a melhor coisa escrita sobre esse tema.
HBH: Isso mostra que nessa época você já tinha suas dúvidas sobre trabalhar dentro dos limites rígidos da literatura.
GY: Claro. Mas como Huidobro era um poeta em certos momentos muito sistemático, toda a questão científica e o interesse pela semiótica vieram por aí. Mas logo fiquei cheio disso também e comecei a colaborar com o grupo do Jameson, no final dos anos 70.
HBH: E pelo que conheço de vocês dois, esse encontro com Jameson deve ter marcado bastante sua trajetória. Como você o conheceu?
GY: Marcou muito. Tudo começou porque comecei a participar do grupo de Estudos Literários Marxistas, onde o Jameson era o chefão. Ele estava em Yale e eu estava trabalhando com Stanley Aronovitch. Através desse grupo de estudos, entramos em contato com o pessoal de Birmingham, conhecido como berço dos estudos culturais. Conhecemos Stuart Hall e outros profissionais que trabalhavam com um mistura de Gramsci, psicanálise, história, foi incrível. Eles traziam uma nova metodologia crítica, analítica, multidisciplinar.
HBH: Esse grupo funcionava em Nova York?
GY: Não, o grupo se reunia a cada verão, em lugares diferentes. Todos nós pagávamos a própria passagem e as universidades conseguiam alojamento, porque no verão não havia alunos. E fazíamos grandes debates durante horas a fio. Foi quando os estudos culturais começam a se formar nos Estados Unidos, no início dos anos 80, quando foi lançada a primeira versão do livro Late capitalism and marxism studies. Logo depois fizemos um segundo congresso, em 1988, quando saiu aquele tijolão Cultural Studies. Nessa época eu estava trabalhando com a Social Text, uma revista que começou em 1979 e teve bastante repercussão. Resumindo, os anos 80 foram para mim anos de muita aprendizagem, de exercício de crítica cultural e política. Foi ainda por essa época que migrei oficialmente da área de Letras para um tipo de crítica cultural, que foi batizada como Estudos Culturais. E eu logo não gostei dessa grife.
HBH: Por que todo mundo tem medo dessa grife?
GY: Porque nos Estados Unidos os estudos culturais viraram uma tendência de mercado, o mercado acadêmico. Por exemplo, você pode até tentar, mas não vai conseguir publicar um livro sobre um autor. É impossível. Mas se você escreve sobre uma lésbica, é muito fácil. E vende bem.
HBH: E um tipo de livro como esse que você está lançando, A conveniência da cultura.
GY: Esse já vendeu 5 mil exemplares e está indo para uma segunda tiragem. Acho que esse sucesso é porque ele extrapola o universo acadêmico. Pessoas que estão mexendo em gestão cultural, multicultural estão comprando. Pessoas de estudos culturais compram, mas outras pessoas de arte, também.
HBH: Mas o George desse livro não é o dos anos 80. Há um claro salto de local, de tema, de campo de estudos. O que chamou a sua atenção para seu redirecionamento para o debate mais voltado para as políticas públicas, para a discussão do Estado neoliberal, para as questões da economia da cultura?
GY: Foi a própria virada dos anos 90 na área da cultura, era uma coisa muito evidente. Me dei conta de que toda cultura precisa de um sistema de financiamento, de apoio. Eu estava também trabalhando em fundações o que me levou a me ligar nesses assuntos.
HBH: Houve alguma influência do Nestor Canclini nessa virada?
GY: Houve. Eu conheci o Canclini no começo dos anos 90, em um congresso em 1993 no México. Ele me ajudou muito nessa transição. Quando organizamos aquele congresso no Mexico, com você, inclusive, era para falar sobre estudos culturais nas Américas. Vieram pessoas dos Estados Unidos, do Canadá, da América Latina. Eu me lembro que vi lá, pela televisão, que havia uma preparação para o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte). Na televisão, havia propagandas do tipo "Mexicanos, vamos entrar para o primeiro mundo, não sujem as ruas, entrem no trabalho na hora". Esse tipo de mensagem pública. E isso era muito esquisito. Só comecei a falar dessas coisas no ano seguinte. Depois de fazer o contato com o Canclini neste congresso, ele me pediu para fazer um estudo do impacto do livre comércio nos Estados Unidos. E eu fiz um ensaio em 1994. Entrei na comissão da Fundação México-Estados Unidos e comecei a pesquisar mais sobre esses sistemas de financiamento. Nos Estados Unidos, eu já tinha feito parte do Conselho de Arte de Nova York, e me dei conta de como funcionava essa engrenagem. Nos Estados Unidos, a questão privada é muito mais importante em termos de financiamento do que a área pública. Foi a partir daí que propus um projeto para a Fundação Rockefeller sobre os impactos do fenômeno da privatização da cultura. Inclusive, publiquei, na Social Text, um ensaio chamado "A Privatização da Cultura". Comecei também a fazer trabalhos práticos, não só estudos analíticos, mas também propositivos. Começou ali na metade dos anos 90. No ano de 1998, eu já escrevia textos sobre esses fenômenos. Mas o livro levou muito mais tempo, porque eu tinha que pensar nas grandes mudanças macros do mundo, para compreender as mudanças micro de fundações, financiamentos e também na cultura. As fundações queriam que esses financiamentos tivessem uma repercussão social.
HBH: Marketing social?
GY: É isso, mas não só isso; há também uma preocupação com a repercussão em torno da mudança da realidade desses grupos sociais. Depois, eles mesmos se deram conta de que somente a cultura não vai necessariamente reduzir a pobreza, a cultura não tem esse poder. Os projetos culturais que pretendiam aumentar a auto-estima dos favelados em nome de resultados concretos como a busca de formação profissional, de obtenção de empregos e trabalhos não mostraram a eficácia imediata pretendida.
HBH: Eu sinto que nunca houve um momento tão bom para o intelectual como hoje e olha que eu estou na cena desde 1960... Como se forma um intelectual público hoje?
GY: Eu venho percebendo isso nestes últimos cinco, seis anos através de minha participação em conselhos, assessorias e consultorias com empresas, com o governo, com as ONGs. Muitas pessoas que eu achava que eram só intelectuais da área de estudos culturais, agora estão se engajando cada vez mais messe tipo de trabalho.
HBH: Existe uma migração ótima nessa cena pública.
GY: Mas infelizmente nos Estados Unidos isso não acontece. É por isso eu prefiro trabalhar com a América Latina e com a Europa. Nos Estados Unidos, os únicos intelectuais que têm força são os de direita. Os outros estão muito marginalizados.
HBH: Talvez porque na América Latina há muito consolidada a tradição do intelectual como sendo de esquerda.
GY: Lá, eles são quase censurados. Bom, sendo uma pessoa de esquerda, por exemplo, eu acho difícil dizer que Condoleezza Rice é uma intelectual. Mas ela é uma acadêmica, era colega da Mary Pratt em Stanford. Agora, ela é a grande chefona da política externa dos Estados Unidos, e é um horror...
HBH: Mas voltando ao assunto, quando você localiza a emergência das novas possibilidades de ação para o intelectual do século XXI?
GY: Eu tenho uma análise no livro sobre isso. Depois da queda do muro de Berlim e da União Soviética, nos Estados Unidos tornou-se difícil descobrir formas de legitimação para a arte e para a cultura. Até então, a arte nos Estados Unidos era legitimada pela arte em si, sem propósitos externos, supostamente, ao contrário da arte soviética do Partido Comunista, que era uma arte social realista. Nesses últimos anos, surge um tipo arte que respondia diretamente ao sistema de financiamento, que era uma arte com propósito comunitário, social, civil e que serviria para os fins da economia e do desenvolvimento. Era uma política de governos estaduais e municipais, de empresas privadas, de fundações e doadores. A grana vinha daí, não do âmbito federal. Uma arte voltada para o social, para comunidades. O material eram as pessoas.
HBH: Nos anos 60 também era assim.
GY: A grande diferença é que agora esse projeto artístico não é ideologizado. Nos anos 90, não se encontram nesses projetos nada de socialista, de marxista. Na realidade eram projetos neoliberais no sentido em que a sociedade civil assumia a função de resolver problemas sociais. E então, era preciso articular os grupos sociais com os sistemas de financiamento. Os artistas eram dinamizadores da sociedade civil. Isso ainda continua um pouco. Grupos como o Afro Reggae têm explorado essa idéia, até em suas músicas, o assunto é cidadania. Porque cidadania vende para as fundações. Nos Estados Unidos nunca se faria um CD que falasse sobre cidadania. O rapper lá não fala sobre cidadania. Ele fala em como ser homem, em como enriquecer.
HBH: A Nega Giza aqui flagra isso quando declara que o rap americano é "babinha music". É só baba, não funciona, não diz nada. Mas sempre existe um Eminem para desafinar...
GY: O Eminem conseguiu entrar na mídia porque ele tem muita repercussão, muito público. Mas a maioria realmente só fala em ter ouro, mulheres. Por exemplo, o Snoop Dogg, ele tem vídeos pornográficos, com mulheres mostrando suas bundas. Isso vende milhões.
HBH: Voltando ao assunto, você parece que ainda defende uma estética menos instrumentalizada. É isso mesmo?
GY: Realmente eu sempre fui muito crítico do uso da arte para fins práticos. Mas eu acho que a essa altura eu vou ter que mudar. Já sinto que estou pensando de uma maneira diferente. A arte vai ser usada queira eu ou não. A minha idéia agora é que a cultura seja um recurso. E quando você pensa que a cultura é recurso, o único jogo que existe é o do gerenciamento, da gestão dos recursos. É como na ecologia. Eu poderia continuar com a idéia de arte para transcendência, uma arte para fins não instrumentais, mas mesmo assim a arte vai continuar sendo usada. Eu posso ser artista "puro", mas quando eu colocar minha arte em um museu, estarei contribuindo com orçamento do PIB da cidade. Quando as pessoas pensam em criar um museu, elas justificam o museu pela arte, mas esse museu vai certamente contribuir para a economia da cidade. Então, queira eu ou não, a arte será sempre um recurso.
HBH: E que papel tem um intelectual hoje?
GY: Eu acho que o intelectual hoje é uma pessoa que intervém. Quanto a mim, estou trabalhando com grupos como o Afro Reggae, venho acompanhando o que eles fazem, mas não na qualidade de assessor. Assessorias estou dando na Costa Rica e El Salvador. De uma maneira mais underground, por exemplo, eu já vejo a diferença entre eu e o Canclini. O Canclini é um assessor mais macro. E eu estou trabalhando com um pé no macro e outro no micro.
HBH: E na universidade?
GY: Estou criando cursos e consegui, agora que sou diretor dos Estudos Latinos Americanos e do Caribe, criar uma nova disciplina onde eu dou dois cursos que são pré-requisitos. O primeiro é estudos de paradigmas de análise, que introduz o aluno em uma série de temas e campos de pesquisa. O segundo curso analisa a estrutura dos discursos dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento e da Gestão. Esses cursos têm a ver com Cultura e Economia. É um programa para mestrandos.
HBH: Você está formando gestores?
GY: Claro, mas gestores e também com uma perspectiva crítica. E tudo feito a partir das teorias.
HBH: Estaríamos assistindo o fim do intelectual confinado na universidade?
GY: Depende. No contexto norte-americano, este intelectual vai continuar porque faz parte do nosso projeto de universidade. Mas seu impacto social é bem pequeno. Eu acho que na América Latina e na Europa a intervenção do intelectual na sociedade vem aumentando. O Canclini é um exemplo. Também Otávio Getino. Ele fez o filme A hora dos sinos, com Fernando Solanas, na década de 60. Como é cineasta, ele também se preocupou de onde ia sair a grana para fazer o filme. Em certo momento, ele disse: "A pessoa que faz filme também é empresária, tem que ter orçamento, tem que empregar pessoas". Agora ele está coordenando estudos de cultura e economia. Ele é incrível, uma maravilha. Está em Buenos Aires. Ele fez grandes estudos sobre indústrias culturais para a Argentina. Fez também um grande estudo da economia das indústrias culturais para o Mercosul.
HBH: A sociedade civil está diferente? Será que o neoliberalismo ajudou essas novas ações e intervenções?
GY: Quanto à sociedade civil, acho que ela está mais "onguizada". Quanto ao neoliberalismo, acho que ele fez as duas coisas, ajudou e atrapalhou. Permitiu a entrada de muito mais ONGs e cooperação internacional. Em alguns casos, o Estado está quase desaparecendo dos financiamentos para trabalhos nessas comunidades. Esses grupos se "onguizaram", se fizeram ONG. E as ONGs têm uma maneira de operar, são monitoradas, têm estruturas burocráticas a serem seguidas, muitos papéis a serem preenchidos, requerimentos a serem encaminhados. Isso existe mesmo em grupos como o Afro Reggae.
HBH: Seria bom você definir mais concretamente esse seu conceito chave de "cultura como recurso".
GY: O discurso é o seguinte: cultura já não é mais arte. A arte é só a ponta do iceberg da cultura. A verdadeira cultura é a criatividade humana. Esse é um discurso que já vem desde a década de 90 e é quase hegemônico. A questão é como dinamizar essa criatividade, viabilizar, para ter uma série de resultados: auto-estima, emprego, fim do racismo. E isso está muito vinculado ao trabalho das ONGs e à cooperação internacional. E a cultura é o lugar onde mais se manifesta essa criatividade. Então, por sua natureza a cultura serve para alavancar a criatividade. Esse discurso é do Blair. Nós queremos criar aquilo que existe na Inglaterra, que é incentivar as indústrias criativas. Indústria criativa inclui além das culturais bem conhecidas: edição de livro, televisão, filme, música. Inclui todas as indústrias que precisam de criatividade, que pode ser desenho, publicidade, software, artesanato etc. Eu estou trabalhando nisso e tenho tentado introduzir essa idéia em El Salvador, que é um governo de direita, e acho que eles estão gostando desse discurso.
HBH: E a questão autoria, que para mim é a questão mais fascinante desse novo momento, como fica? Até onde o mercado suporta noções como Creative Commmons, pirataria criativa ou copyleft?
GY: Copyright é para vender. O direito de cópia. E isso produz muita riqueza. Por isso, as grandes empresas estão sempre estendendo o período do copyright. Hoje em dia, com a pós-modernidade, a tecnologia e a globalização, muito do que se considera criatividade é, na realidade, puro sampler, é o uso de criações alheias. Então, alguns estão propondo que é preciso um sistema flexível, que de uma parte forneça ao autor um ingresso à criação alheia, mas que também o resultado dessa nova obra volte para o domínio público, para o uso de todo mundo. Então é aí que começa uma briga entre os interesses econômicos.
HBH: Mas fora a idéia do direito, tem também o problema da noção de autoria, de autenticidade que é reativa à mudanças, o autor, que era o autêntico.
GY: Sabe como economista vê isso? Como você faz para ter mais autores, para criar uma Hollywood? Ou uma indústria de broadcast como em Nova York? Com uma massa crítica de criadores, sejam de cultura ou de softwares ou de indústrias criativas. O que produz lucro não é a manufatura, é a idéia. Por isso o direito sobre a propriedade.
HBH: Do ponto de vista textual, uma perspectiva de mudança como essa não tem também conseqüências no próprio fazer do autor?
GY: Eu acho que cada vez é mais evidente a organização dos criadores por umas instâncias maiores, superiores. Por exemplo, o produtor que mexe com artistas e vai assessorando, e quase criando o produto deles com eles. Na arte, a figura mais importante não é o artista, é o curador e o diretor de museu, de bienal. Essas são as pessoas importantes, porque o artista é um recurso útil para os curadores.
HBH: Como você está avaliando isso?
GY: Eu ainda nem sei se isso vai para frente ou para trás, eu sei somente que as coisas estão mudando. E por isso o melhor é fazer como na ecologia, com a questão da sustentabilidade. E por isso, a gente precisa formar gestores que ajudem a encontrar pontos de equilíbrio entre os diversos participantes desse tipo de criação, na arte, literatura, cinema, dança, rituais indígenas. Tudo isso precisa de uma coordenação para que se promova uma sustentabilidade, para que essas pessoas não virem simulacros de si mesmas. Estamos num momento de industrialização e "proprietarização", mas também de luta em relação ao poder econômico da criatividade. Eu acho que o material agora é a criatividade e o jogo e a luta são em torno da propriedade dessa criatividade e sua abertura para o domínio público.
HBH: Um nome para esse momento?
GY: Acho que seria a sustentabilidade cultural.
HBH: Uma previsão?
GY: Eu acho que o que vai acontecer é maior consciência e formação de negociadores e intermediários.
HBH: E em relação à idéia de cultura e literatura?
GY: Eu acho que isso os conteúdos não vão mudar muito. A grande mudança é na estrutura que não é só produtiva, mas também criativa e distributiva. Você tem que pensar em tudo isso sistemicamente: criação, produção, distribuição, domínio público.
HBH: Como é o nome disso?
GY: Ecologia cultural.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Segunda questão da prova
Hall diagnostica que a cultura popular funciona ora assimilando ora resistindo aos ditames da cultura dominante. E que ele se interessa pela cultura popular que entra em "tensão contínua com a cultura dominante". Com base nessas reflexões, analise o clip da banda Parangolé (http://www.youtube.com/watch?v=XPn-IxH0FPw). O que existe nesse vídeo? Assimilação e/ou de resistência? Explique e desenvolva a sua análise, sempre em diálogo com as reflexões de Hall.
Primeira questão da prova
1. Veja o vídeo no link a seguir e o analise acionando as discussões que realizamos através dos textos de Stuart Hall e do vídeo A negação do Brasil. - http://www.youtube.com/watch?v=1njPfQUQ4rg
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Mais
http://www.youtube.com/watch?v=vil8cWpGsIc
http://www.youtube.com/watch?v=A7foT00UHYI&feature=relmfu
http://www.youtube.com/watch?v=0UBJ9KWisaQ&feature=relmfu
http://www.youtube.com/watch?v=apTtn-XV4-c&feature=relmfu
Dicas de sites e filme
Filme Doces Bárbaros na íntegra: http://www.youtube.com/watch?v=z-IwkP5AOi4
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1135487-EI6621,00-Doces+Barbaros.html
http://tropicalia.com.br/
Papel da UFBA nesse processo: http://tropicalia.com.br/ruidos-pulsativos/avant-garde-na-bahia
Para nossa aula de hoje
São Paulo, domingo, 15 de abril
de 2012
Caetano Veloso e os elegantes
uspianos
"Por que Schwarz ou Chaui
nunca têm nada a dizer sobre o que se passa na Coreia do Norte?"
PAULO WERNECK
Quinze anos depois de publicar
suas memórias da Tropicália em "Verdade Tropical", um antigo
antagonista bate à porta de Caetano: o crítico marxista Roberto Schwarz, no
ensaio "Verdade Tropical: Um Percurso do Nosso Tempo". O texto,
inédito, foi incluído no recém-lançado "Lucrécia versus Martinha"
(veja crítica na pág. 6), que a Companhia das Letras lhe enviou em primeira
mão.
O ensaio "reconta"
criticamente a narrativa, transformando-a na história da conversão de um
"menino portador de inquietação" de província a um "novo
Caetano", que "festejou a derrocada da esquerda como um momento de
libertação". Ao mesmo tempo, põe nas alturas a prosa do baiano.
Schwarz critica seu "traço
de personalidade muito à vontade no atrito mas avesso ao antagonismo", as
"ambivalências" do tropicalismo, o "patriotismo fantasioso"
e "supersticioso" do compositor, sua "defesa do mercado",
seu "confusionismo", sua "cumplicidade" com os agentes que
o prenderam - e por aí vai.
Em suma, o ensaísta afirma que
"Verdade Tropical" "compartilha os pontos de vista e o discurso
dos vencedores da ditadura". Em outro momento, recrimina o "regressivo"
"amor aos homens da ditadura" que Caetano e Gil expressaram.
"Esse parágrafo de Schwarz é
cruel e tolo", rebate Caetano. "A prisão me pôs mais profundamente em
inimizade com o projeto dos militares de direita que tomaram o Brasil".
Ele reafirma sua "teimosia em permanecer no campo da esquerda", mas
também diz ter deixado de temer, em 1967, "palavras como 'conservador' ou
'de direita', como se fossem xingamentos que ostracizam", diz. Direita e
esquerda, nos anos da ditadura e hoje, são o foco desta entrevista, concedida
por e-mail.
Ele aponta o silêncio de Schwarz
e de outros expoentes do pensamento de esquerda, como a filósofa Marilena
Chaui, a respeito do totalitarismo em regimes comunistas como a China e a
Coreia do Norte: sobre isso, diz ele, "nossos elegantes uspianos nada
dizem".
"Verdade Tropical"
volta à pauta não somente pelas mãos de Schwarz, mas também pela edição em
separado de um de seus capítulos, "Antropofagia", na coleção Grandes
Ideias [Penguin Companhia, 72 págs., R$ 10,90].
Em agosto, o compositor completa
70 anos. A gravadora Universal abre as comemorações neste mês, com o
relançamento, em CD e LP, de seu cultuado "Transa". Quarentão, o
álbum foi remasterizado pelo produtor original, Steve Rooke. Em maio, sai por
aqui "Live at Carnegie Hall With David Byrne", já lançado nos EUA. E,
em agosto, um tributo com artistas brasileiros e estrangeiros.
Depois de produzir
"Recanto", disco de Gal Costa com canções suas, Caetano volta-se para
a composição de um novo CD a ser gravado com a banda Cê, que o acompanhou em
"Cê" (2006) e "Zii & Zie" (2009).
Folha - Roberto Schwarz faz um
misto de valorização literária e severa crítica ideológica de "Verdade
Tropical", 15 anos depois da publicação. O que retém em sua leitura?
Caetano Veloso - É envaidecedor
que Schwarz tenha escrito tanto (e com tanta energia) sobre meu velho livro.
Claro que não coincido com o grosso da crítica ideológica. No entanto, retenho
a observação de que o argumento desenvolvido a partir da cena central de
"Terra em Transe" seja, no livro, um tanto mal concebido.
Por que Schwarz só publica o
ensaio 15 anos depois do seu livro?
Não sei. Talvez ele o tenha lido
com grande atraso (não 15 anos de atraso, é claro) e demorado muito para
decidir-se a discuti-lo publicamente. Talvez ele tenha tardado também em
metabolizar o que leu.
Por que o livro renasce agora,
com a edição de bolso de um de seus capítulos e a crítica de Schwarz?
Não sei.
Como foi a recepção do livro nos
países em que foi publicado?
Foi publicado, em boas traduções,
na Itália e na Espanha (e países de língua espanhola). A tradução francesa é
horrível. A grega eu não sei ler. De qualquer modo, todas as traduções partem
da edição americana (os direitos fora do Brasil e de Portugal são da Knopf),
que deformou muito a estrutura do original. Todos os elogios literários que o
livro mereceu de Roberto não seriam justificados para quem só lesse as
traduções.
Me lembro de que a "New York
Times Book Review" deu resenha favorável. Ouço comentários positivos de
amigos argentinos, espanhóis e italianos. Também de alguns gregos. Na França
parece que, além da tradicional mania francesa de traduzir como quem corrige o
original, deram o longo texto a pessoas totalmente desqualificadas
intelectualmente: já que se trata de um livro de cantor pop, por que pedir a
alguém que saiba ler e escrever para traduzir?
Schwarz vê a relação dos
tropicalistas com a esquerda como uma "comédia de desencontros", na
qual haveria mais afinidades do que divergências. Seu livro descreve longamente
as divergências, e Schwarz agora as reitera. Ainda é possível falar em
afinidades?
Claro que há e sempre houve
afinidades. Gil e eu, além de Tom Zé e Rogério Duprat, sempre fomos "de
esquerda". Nossos amigos foram sempre majoritariamente de esquerda. Na
altura do tropicalismo deu-se uma virada em mim, e também em Gil, pelo menos,
que exigia repensar tudo por conta própria, desfazendo adesões automáticas. O
maior inimigo era esse automatismo.
A cena de "Terra em
Transe" é positiva porque expõe a quebra do automatismo ideológico a que
artistas e intelectuais se viam presos. Quando o protagonista fala, o tom
blasfemo revela tratar-se de um momento liberador. Claro que, uma vez olhando
as coisas mais livremente, os males da esquerda apareceriam.
O ensaio atribui a você uma
"generalização para a esquerda do nacionalismo superficial dos estudantes
que o vaiavam" e a visão da "esquerda como obstáculo à
inteligência". Desde então, que renovação você vê na esquerda do ponto de
vista cultural?
Toda cartilha ideológica, pode
ser - e frequentemente é- obstáculo à inteligência. Eu tinha amigos na extrema
esquerda que gostavam do que eu fazia e nada opunham ao tropicalismo.
Já contei em minha coluna no
"Globo" como quase dei apoio logístico ao grupo de Marighella,
através de minha amiga Lurdinha, uma guerrilheira que foi torturada e a quem [o
delegado Sérgio Paranhos] Fleury se refere, numa entrevista, como a pessoa mais
corajosa que ele conheceu.
Aliás, Hélio Oiticica, Glauber e
Zé Celso eram de esquerda, além de Rubens Gerchman, Zé Agrippino e Rogério
Duarte. O "desbunde" foi sobretudo um evento interno ao mundo das
esquerdas. Hoje em dia, quando Delfim é defensor de Lula e Dilma e se opõe a
FH, gosto da revista "Fevereiro", de Ruy Fausto, e detesto blogs como
o de Paulo Henrique Amorim.
Sempre me pergunto por que
Roberto Schwarz ou Marilena Chaui nunca têm nada a dizer sobre o que se passa
na Coreia do Norte (não vale dizer que a "grande imprensa já diz").
Por que Lula e Tarso Genro mandaram de volta, num avião venezuelano, os atletas
cubanos que tinham pedido asilo político ao Brasil? Isso é admissível? Ninguém
na esquerda reclama de nada disso?
Os esforços intelectuais de
[Theodor] Adorno para igualar a vida americana ao Terceiro Reich e à União
Soviética só servem para provar repetidas vezes que as liberdades nas
democracias liberais são suspeitas: a ostensiva falta de liberdade em países
comunistas nunca é combatida, nem eloquentemente, nem cedo.
Quando eu era moço, intelectuais
de esquerda dizerem-se anti-stalinistas representava um piso mínimo de
elegância: quase nunca passava de uma declaração para se poder continuar sendo
comunista. Não havia (como Tony Judt mostrou que não havia na França) um
esforço crítico, por parte de intelectuais de esquerda, de se opor aos estados
policiais.
É interessante notar que Zizek
elogia o imperialismo chinês no Tibete e desculpa as paradas fascistas da
Coreia do Norte. Nossos elegantes uspianos nada dizem.
Qual foi a novidade em termos de
crítica ao tropicalismo no Brasil e no exterior?
Não leio quase nada sobre
tropicalismo. Às vezes esse movimento é citado em publicações sobre música
popular, às vezes em artigos acadêmicos (de estudos sobre América Latina ou
língua portuguesa). Nada me impressiona muito.
Augusto de Campos e Ferreira
Gullar polemizaram em torno de acontecimentos dos anos 1950 e 60, o país
discute a Comissão da Verdade, torturadores têm sofrido "esculachos"
na porta de casa. A conta dos anos 1960 e 70 não fecha?
Que conta fecha? Mas vamos
andando. O ser humano é um desequilibrador. Pessoalmente, sou pela Comissão da
Verdade. Há um trecho crucial em "Verdade Tropical", que Schwarz
sintomaticamente ignora, em que conto o quanto aprendi sobre a verdade da
sociedade brasileira ao ouvir, na cadeia, urros de dor de torturados, os quais
não eram nossos companheiros de prisão política. Havia quem dissesse que se
tratava de presos políticos vindos de outros quartéis. Mas chegou-se à
conclusão de que eram presos comuns, ladrões da Zona Norte, bandidos.
Pois bem, antes da ditadura,
durante e depois, esses maus tratos vêm se dando nas delegacias e prisões civis
e militares. Se não denunciarmos (e mesmo punirmos) os torturadores que
trabalhavam para o Estado, não teremos a saúde social mínima necessária para
começar a acabar com isso.
Há um paralelo entre o público
dos festivais e os comentaristas de internet e blogueiros de hoje?
Deve haver. Mas não interessa.
O que pensa da Comissão da
Verdade e da Lei da Anistia?
Senti que o modelo espanhol da
Anistia serviria para o Brasil. Hoje sou totalmente pela Comissão da Verdade e
não acho que torturadores devam ser perdoados. Os guerrilheiros foram punidos
(inclusive com tortura e morte). É enganoso equiparar os dois tipos de crime.
Você é retratado como um
memorialista "comprometido com a vitória da nova situação, para a qual o
capitalismo é inquestionável". Como responde à acusação de
"conservadorismo" político?
Deixei de temer palavras como
"conservador" ou "de direita", como se fossem xingamentos
que ostracizam, em 1967. Minha teimosia em permanecer no campo da esquerda vem
de minha crença na possibilidade de mudar para melhor o jeito de a gente viver
sobre a Terra. Não descarto sequer a eventualidade de alguma violência. Mas
estou certo de que o que se chama de esquerda também atrapalha muito.
O mito do Brasil e de sua
oportunidade de originalidade me põe numa situação em que posso sonhar mais
alto, pondo os horrores das revoluções e seus desdobramentos sob crítica. Por
essa razão me atraem mais as sugestões de Mangabeira Unger do que as repetições
da esquerda uspiana.
Ele abre espaço para a
originalidade do Brasil. Para mim isso é fatal: somos originais, seremos
originais ou desapareceremos. O capitalismo não é inquestionável: que a
gasolina americana tivesse sido enriquecida com chumbo porque isso a fazia mais
rentável, e que o empresário que usou essa vantagem tenha mantido em segredo a
descoberta de que o chumbo era prejudicial à saúde pública para não ver cair o lucro;
e que, depois de essa descoberta ter-se tornado pública, a gasolina americana
tenha reduzido gradativamente até zero seu teor de chumbo, mas a brasileira
não, por razões de lucro (com todas as implicações de acumulação de capital e
de reafirmação de poderes imperialistas), é algo que expõe a que graus de
irracionalidade e de desumanidade pode chegar uma organização social que se
submeta à exclusiva força da grana. Sou contra.
Mas não quero que os que lutam
contra isso possam ganhar poderes autocráticos. Uma revolução feita a partir da
originalidade benigna de um Brasil de sonho deveria não precisar ser sangrenta
e poderia, de qualquer modo, orientar os serviços que alguém queira prestar à
Justiça de um jeito diferente daquele que tem sido desenvolvido pelos
movimentos revolucionários da esquerda convencional. Estes têm levado à
autocracia e a Estados policiais. Sou contra.
Além disso, quando se diz
"capitalismo" o que é mesmo que se está querendo dizer? O capítulo
sobre o conceito no livro de Mangabeira é instigante. E Lacan disse uma vez que
"o inconsciente é capitalista".
Schwarz critica o "amor aos
homens da ditadura" expresso por Gilberto Gil ao tomar ayahuasca e comenta
os seus elogios à letra de "Aquele Abraço": "A lição aplicada
pelos militares havia surtido efeito". Como vê essa avaliação severa?
Esse parágrafo de Schwarz é cruel
e tolo. A prisão me pôs mais profundamente em inimizade com o projeto dos
militares de direita que tomaram o Brasil. A descrição dos solavancos por que
passamos não poderia ser desinfetada para agradar aos revolucionários de
gabinete. Sou muito franco e apaixonado pela clareza e pela luz.
Gosto mais do esclarecimento do
que da Dialética do Esclarecimento, que tanto obscurece. (Aliás, desconfio
dessa escolha da palavra "esclarecimento" em lugar de
"Iluminismo".)
A lição aplicada pelos militares
surtiu efeito em mim: me fez mais realista, mais conhecedor dos pesos concretos
da vida. Foi sob a ditadura, sobretudo na prisão, que aprendi a odiar o odiável
em nossa sociedade.
Para o ensaísta, há uma
discrepância entre as visões de "Verdade Tropical" sobre o Brasil
pré-64: ora é descrito como um "ascenso socializante", com sua
experiência em Santo Amaro e em Salvador, ora como "um período incubador
de intolerância e ameaça à liberdade". Você enxerga essa discrepância?
Eu poderia ter sido um garoto de
esquerda, sem desconfianças a respeito sequer do stalinismo. Mas não fui. Me
atraiu o livro de Luís Carlos Maciel sobre Beckett, Kafka e Ionesco: a esquerda
que eu conhecia era lukacsiana e ninguém falava em Adorno em 1963 em Salvador
(embora se falasse muito em Gramsci, o que era pioneiro).
Poderia ter sido um garoto assim
e, depois, descoberto que nos países comunistas (não só na URSS e seus
satélites, mas na China de Mao, em Cuba, na Coreia do Norte) o Estado
desrespeitava oficialmente os mais básicos direitos humanos -e ter me revoltado
contra o projeto comunista.
Mas eu era um garoto desconfiado
da "ditadura do proletariado", além de ser um sujeito pacato da baixa
classe média que sentia natural horror pelo aspecto violento das revoluções.
Descobrir que a experiência do
"socialismo real" era de fazer temer os esboços de implantação do
comunismo entre nós não foi uma surpresa assustadora. Foi um gradual
reconhecimento da complexidade das coisas. Isso aparece em meu livro com todas
as idas e vindas por que minha mente passou. Com as nuances e sem evitar as
questões que não ficaram resolvidas dentro de mim.
Não é um livro de propaganda
ideológica. É um relato em que as reflexões relembradas -ou as sugeridas pela
lembrança- acompanham cada passo.
Você se reconhece na descrição
que o crítico faz de seu "traço de personalidade muito à vontade no atrito
mas avesso ao antagonismo"?
Gosto de atrito. É a base do
sexo. Mas não rejeito o antagonismo.
Sou nitidamente contra o Brasil
ter devolvido os atletas cubanos. Sou nitidamente contra o manifesto dos
militares reformados. Sou nitidamente contra Lula ter apoiado a eleição de
Ahmadinejad antes de o próprio Irã decidir se as eleições tinham sido fraudadas
ou não.
São Paulo, domingo, 22 de abril
de 2012
Caetano fugiu do tema, diz
Schwarz
FLÁVIO MOURA
"ELE MUDOU DE assunto.
Parece piada." Para o crítico Roberto Schwarz, a entrevista de Caetano
Veloso publicada na "Ilustríssima" de 15/4 não entra no mérito dos
argumentos de seu ensaio sobre "Verdade Tropical" (1997), volume de
memórias do compositor. O texto, inédito, faz parte da coletânea recém-lançada
"Martinha versus Lucrécia" [Companhia das Letras, 320 págs., R$ 44].
Caetano criticou Schwarz e
Marilena Chaui: "Por que nunca têm nada a dizer sobre o que se passa na
Coreia do Norte?". Schwarz rebate: "O interesse pela Coreia do Norte
é sobretudo cortina de fumaça para não falar de meu livro."
Certa vez, num evento, perguntaram
a Schwarz quando sairia o texto sobre Caetano. Ele disse: "É demorado,
pois é preciso ver muitas coisas de muitos lados diferentes". O ensaio
cumpre a promessa.
Schwarz é generoso com a obra do
compositor: brilhantismo, inteligência, complexidade dialética, sensibilidade -
não faltam conotações positivas à condução do argumento. É raro que uma obra
literária recente receba escrutínio tão minucioso. Nesse sentido, não está em
discussão apenas a vitalidade de "Verdade Tropical", mas da crítica
literária produzida hoje.
O livro também traz dois textos
que avançam na interpretação sobre Machado de Assis, tema que domina sua obra.
Num deles, cujo argumento se desenrola a partir de uma crônica, "O Punhal
de Martinha", o ensaísta reivindica que a universalidade de Machado seja
buscada na matéria local brasileira, e não em sua superação, como quer parte da
crítica estrangeira.
Leia a íntegra da entrevista,
concedida por e-mail, em que Schwarz comenta a resposta de Caetano a seu ensaio
e fala de outros textos do livro, como a resposta ao crítico Alfredo Bosi sobre
as "Ideias Fora do Lugar", célebre ensaio de 1973.
Folha - Como leu a entrevista de
Caetano?
Roberto Schwarz - Ele mudou de
assunto. Em vez de comentar o meu artigo, que é o que estava em pauta, Caetano
falou da Coreia do Norte, da União Soviética, de Cuba, da USP, da esquerda
obtusa, de Mangabeira Unger etc. Parece piada.
Ao contrário do que a entrevista
faz supor, não escrevi para pegar em Caetano o rótulo de direitista, e muito
menos de esquerdista, mas de herói representativo e problemático. Procurei
acompanhar de perto a sua prosa, concatenar e compactar as suas posições, de
modo a tornar visíveis as questões de fundo que estão lá e não são óbvias.
Tomei o cuidado de sempre apresentar as próprias formulações de Caetano, para
que o leitor possa refletir a respeito e tirar conclusões com independência. É
o que [Bertolt] Brecht chamava de apresentar os materiais.
Como crítico literário, sou
sensível à força estética do livro, naturalmente para analisá-la. No caso,
fazem parte inseparável dela as atitudes mais controvertidas do autor, tais
como a autoindulgência desmedida, o confusionismo calculado e os momentos de
complacência com a ditadura (os militares tomaram o poder "executando um
gesto exigido pela necessidade de perpetuar essas desigualdades que têm se
mostrado o único modo de a economia brasileira funcionar", "Verdade
Tropical", pág. 15), o que não exclui a simpatia pela guerrilha.
É ler para crer. À maneira dos
romances narrados em espírito de provocação -por exemplo, as "Memórias
Póstumas de Brás Cubas"- "Verdade Tropical" deve muito de seu
interesse literário a certa desfaçatez camaleônica em que Caetano, o seu
narrador, é mestre. Penso não forçar a mão dizendo que a representatividade
histórica do livro passa por aí. E o seu caráter problemático também, já que o
quase romance não deixa de ser um depoimento.
O sr. vê fundamento na cobrança
de Caetano de que a esquerda comente temas como a Coreia do Norte?
É claro que a reflexão informada
e crítica sobre as experiências do "socialismo real" é indispensável
à esquerda, e aliás ela existe. [Theodor] Adorno, que Caetano absurdamente
menciona como inimigo da liberdade, é uma grande figura dessa reflexão no campo
estético. Dito isso, penso que, no caso, o interesse pela Coreia do Norte é
sobretudo cortina de fumaça para não falar de meu livro.
Por que o ensaio vem à tona 15
anos depois do livro de Caetano?
Logo que o livro saiu, vi que era
notável à sua maneira e merecia discussão. Como não tenho pressa, levei 15 anos
para sentar e escrever. Ainda assim, espero não ter perdido o bonde.
Em que medida o texto aprofunda
os argumentos sobre a Tropicália expostos em seu ensaio "Cultura e
Política: 1964-1969"?
"Cultura e Política"
foi escrito em 1969, na hora pior da ditadura e logo após a eclosão da
Tropicália. "Verdade Tropical", de Caetano, que reapresenta aqueles
tempos, foi publicado 30 anos depois, em pleno triunfo neoliberal. Já "Um
Percurso de Nosso Tempo", redigido em 2011, tem a ver com a crise atual do
capitalismo. São três momentos distintos.
A Tropicália do fim dos anos 60
debochava -valentemente- do Brasil pós-golpe, quando a ditadura buscava
conjugar a modernização capitalista ao universo retrógrado de "tradição,
família e propriedade". A fórmula artística dos tropicalistas, muito bem
achada, que juntava formas supermodernas e internacionais a matérias ligadas ao
atraso do país patriarcal, era uma paródia desse impasse. Ela alegorizava a
incapacidade do Brasil de se modernizar de maneira socialmente coerente.
Era uma visão crítica, bastante
desesperada, de muito interesse artístico, à qual se misturava certa euforia
com a nova indústria cultural, que estava nascendo. Ao retomar o assunto em
1997, nos anos FHC, Caetano atenuou o anterior aspecto negativo ou crítico e
deu mais realce ao encanto dos absurdos sociais brasileiros, tão
"nossos". Um tropicalismo quase ufanista e algo edificante.
No ensaio procurei acompanhar e
discutir estes deslocamentos.
Qual a diferença entre fazer
crítica dialética hoje e nos anos 1960-70?
A crise atual -de que não estamos
tomando muito conhecimento no Brasil- veio precedida pela derrota das
tentativas práticas bem como das ideias da esquerda. Assim, não faltam
contradições agudas, mas elas parecem não apontar para lugar nenhum, ou só para
mais do mesmo.
A crítica dialética naturalmente
não pode fingir que sabe uma resposta, mas não tem por que acatar como positiva
uma realidade que é evidentemente negativa, nem tem por que renunciar à busca
de superações. As contradições estão aí, fermentando.
Não é uma novidade auspiciosa que
o Brasil possa não tomar muito conhecimento da crise atual?
Desconhecer uma crise mundial, só
porque ela não está nos tocando no momento, é sempre uma ignorância, sobretudo
para intelectuais.
No livro há uma conferência feita
em 2009 sobre "As Ideias Fora do Lugar" (1973) e uma nota de resposta
a um questionamento à tese feita por Alfredo Bosi. A que o sr. atribui essa
longevidade?
Suponho que ela se deva à
existência real do problema, que surgiu com a Independência, no século 19, e
até hoje teima em não desaparecer. A uns, as ideias dos países centrais, que
nos servem de modelo, parecem o remédio para todos os males; a outros, uma
importação postiça e "fora do lugar", que precisa ser recusada -o que
os condena a perder o contato com o pensamento do mundo contemporâneo.
Como entender a questão? Procurei
comentá-la e sobretudo esclarecer os mal-entendidos ligados a esse título de
ensaio, que teve sorte e ficou conhecido, mas causou bastante confusão.
O título do livro alude ao ensaio
sobre a recepção da obra de Machado de Assis no exterior, no qual o sr. busca
mostrar como a "universalidade" do autor está na finura com que ele
lida com a matéria local.
É essa a questão que tentei
estudar. O reconhecimento de Machado no estrangeiro é crescente e não precisou
da reflexão sobre o Brasil para ocorrer. O escritor entrou para o cânon dos
grandes do Ocidente, onde ocupa um lugar diferenciado, sem necessitar da
referência a seu país.
Ao passo que no Brasil se formou
uma tradição crítica para a qual Machado é extraordinário justamente porque
soube inventar uma forma adequada à nossa peculiaridade histórica e social. São
explicações opostas para a grandeza de um mesmo escritor.
Como entender essa diferença?
Quais as suas implicações? São os problemas que meu ensaio explora, examinando
de mais perto e politizando a oposição clássica entre o local e o universal,
agora recolocada em termos da ordem mundial contemporânea.
O sr. não parte dos romances,
como seria de esperar, mas da crônica machadiana. Vai nisso alguma intenção
particular?
De fato, há uma crônica, "O
Punhal de Martinha", em que Machado dramatiza a questão do local e do
universal com uma graça notável, antecipando cem anos de debate crítico.
Procurei analisá-la com cuidado igual ao que merecem os grandes romances e
penso que o resultado surpreende.
Aí está, no plano modesto da
crônica, uma variante do narrador das obras-primas machadianas, dilacerado
entre a irradiação da Europa e os cafundós do Brasil, que aliás podem estar na
capital. Trata-se de um mal-estar característico, ou, também, do despeito
histórico mundial das elites progressistas de um país periférico. Por
inesperado que isso seja, o ar de família com os manifestos modernistas de
Oswald e com o clima do tropicalismo salta aos olhos.
Em entrevista de 2011, Antonio
Candido afirmou que a crítica literária acadêmica se tornou uma atividade sem
riscos, com a nova geração se dedicando apenas a autores consagrados. O sr.
concorda?
Se entendi bem, ele estaria
valorizando o momento de risco intelectual, de escolha a descoberto, sem o qual
a crítica literária se rotiniza ou reduz ao informe publicitário. Mas posso ter
entendido mal.
O seu livro é uma coletânea de
ensaios circunstanciais, mas há bastante unidade entre eles, que parecem concebidos
dentro de um mesmo propósito. É deliberado?
Agradeço a pergunta. É claro que
os ensaios têm assunto, origem e forma muito diversa. Mas há a matéria
brasileira em comum, com sua estrutura que atravessa os tempos e acaba
determinando um conjunto de questões consistentes, retomadas e variadas nos
diferentes trabalhos e sugerindo aprofundamentos que valeria a pena perseguir.
Para mim mesmo, as correspondências entre a crônica machadiana, a poesia
minimalista de Francisco Alvim, a visão pau-brasil e as montagens
tropicalistas, por exemplo, vieram como uma surpresa.
Noutro plano, os ensaios fazem
ver uma coleção de percursos intelectuais e artísticos de nosso tempo, em
contraste muitas vezes agudo, cujo conjunto convida a pensar. Aos pedaços, são
contribuições para o autoexame de uma geração.
Dica
Oi pessoas
falei desse autor e livro na aula passada
achei essa entrevista com ele: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2056684-EI6608,00.html
falei desse autor e livro na aula passada
achei essa entrevista com ele: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2056684-EI6608,00.html
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Para quem ainda não viu Salmo 91
Prezados(as) estudantes,
O Prof. Djalma Thürler, diretor da peça "Salmo 91", disponibilizará 100 ingressos por dia, nos dias 4, 5 e 6/Maio, para que alunos regularmente matriculados nos Bacharelados Interdisciplinares (qualquer curso) possam assistir ao espetáculo.
Nesta nova temporada da peça, as apresentações ocorrerão na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, às 20h00min, de 4 a 27/Maio/2012, de sexta a domingo.
Quem desejar participar, deve preencher o formulário disponível aqui (https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dEMtTHUxdWVTal9fZlVmc0hubWV6MGc6MQ)
e aguardar a confirmação ao longo da semana.
Os pedidos serão processados de acordo a ordem das solicitações (serão validadas as 100 primeiras inscrições) e cada estudante tem direito a participar de um único dia.
Maiores informações sobre o espetáculo podem ser conferidas no site: http://www.tca.ba.gov.br/ oteatro/salmo-91.
O Prof. Djalma Thürler, diretor da peça "Salmo 91", disponibilizará 100 ingressos por dia, nos dias 4, 5 e 6/Maio, para que alunos regularmente matriculados nos Bacharelados Interdisciplinares (qualquer curso) possam assistir ao espetáculo.
Nesta nova temporada da peça, as apresentações ocorrerão na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, às 20h00min, de 4 a 27/Maio/2012, de sexta a domingo.
Quem desejar participar, deve preencher o formulário disponível aqui (https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dEMtTHUxdWVTal9fZlVmc0hubWV6MGc6MQ)
e aguardar a confirmação ao longo da semana.
Os pedidos serão processados de acordo a ordem das solicitações (serão validadas as 100 primeiras inscrições) e cada estudante tem direito a participar de um único dia.
Maiores informações sobre o espetáculo podem ser conferidas no site: http://www.tca.ba.gov.br/
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